Papa alerta para risco de eliminar conceito cristão da sociedade
"A Igreja vê com preocupação a tentativa cada vez maior de eliminar o conceito cristão de matrimônio e de família da consciência da sociedade". Foi o que disse o Papa Bento XVI nesta segunda-feira, 13, ao receber as cartas credenciais do novo embaixador da República Federal da Alemanha, Walter Jürgen Schmid, no Palácio Apostólico de Castel Gandolfo.
O Santo Padre destacou que o "matrimônio manifesta-se como uma união duradoura de amor entre um homem e uma mulher, que sempre está aberta à transmissão da vida humana".
Neste contexto, assinalou que é necessário uma "cultura da pessoa", usando uma expressão de João Paulo II. Por outro lado, "o êxito do matrimônio depende de todos nós e da atitude pessoal de cada cidadão. Neste sentido, a Igreja não pode aprovar as iniciativas legislativas que implicam uma reavaliação de modelos alternativos da vida conjugal e familiar. Contribuem para a debilitação dos princípios do direito natural e, portanto, à relativização de toda a legislação e também à confusão sobre os valores na sociedade".
Referindo-se às novas possibilidades da biotecnologia e da medicina, o Papa salientou o "dever de estudar cuidadosamente em que medida esses métodos podem servir de ajuda aos seres humanos e quando se trata, ao contrário, de manipulação humana, de violação de sua integridade e dignidade. Não podemos rechaçar tal evolução, mas devemos estar muito atentos. Quando se começa a distinguir – e com frequência isso acontece já no ventre materno – entre vida digna e indigna de viver, não se salvará tampouco nenhuma outra etapa da vida, e muito menos a enfermidade e a velhice".
O Santo Padre ressaltou ainda que "a construção de uma sociedade humana requer fidelidade à verdade". Neste contexto, mencionou alguns fenômenos no âmbito dos meios públicos: "ao existir uma competência cada vez maior, os meios de comunicação pensam que estão obrigados a suscitar a máxima atenção possível. Por outro lado, o contraste é notícia em geral, embora em detrimento da verdade do fato. Isso é especialmente problemático quando as autoridades adotam publicamente uma posição, sem ser capazes de verificar todos os aspectos de forma adequada. Alegro-me com a intenção do Governo Federal de comprometer-se nesses casos".
Bento XVI destacou também a beatificação do sacerdote mártir do regime nazista Gerhard Hirschfelder, marcada para o dia 19 de setembro, em Münster, bem como a de outros quatro presbíteros no próximo ano, além da lembrança de um pastor evangélico. "Contemplando essas figuras de mártires, fica cada vez mais claro e exemplar como alguns homens, a partir de sua convicção cristã, estão dispostos a dar sua vida pela fé, pelo direito de exercer livremente suas crenças e pela liberdade de expressão, pela paz e a dignidade humana".
No entanto, continuou o Pontífice, "muitos homens inclinam-se na direção de ideias religiosas mais permissivas também para si mesmos. Substituem ao Deus pessoal do cristianismo, que se revela na Bíblia, por um ser supremo, misterioso e indeterminado, que comente tem uma vaga relação com a vida pessoal dos seres humanos".
O Papa sublinhou que "essas ideias animam cada vez mais o debate na sociedade, especialmente no âmbito da justiça e da legislação. No entanto, se abandona-se a fé em um Deus pessoal, surge a alternativa de um 'deus' que não conhece, que não sente e não fala. [...] Se Deus não dispõe de sua própria vontade, o bem e o mal já não são distinguíves. [...] O homem perde assim sua força moral e espiritual necessária para o desenvolvimento completo da pessoa. A ação social é cada vez mais dominada pelo interesse privado ou pelo cálculo do poder, em detrimento da sociedade".
Fonte: Canção Nova
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