sábado, 25 de setembro de 2010

CNBB promove debate eleitoral entre presidenciáveis

Na noite desta quinta-feira, 23, aconteceu em Brasília o debate dos presidenciáveis, promovido pela Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP), Associação Nacional de Educação Católica (ANEC), Associação Brasileira de Universidades Comunitárias (ABRUC), Universidade Católica de Brasília (UCB), com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Participaram os candidatos cujos partidos têm representatividade na Câmara: Dilma Rousseff (PT), José Serra (PSDB), Marina Silva (PV) e Plínio de Arruda (PSOL).
Os candidatos, como nos outros debates em que participaram, reafirmaram suas posições e seus planos de governo, caso venham a ser eleitos no dia 3 de outubro. O diferencial veio do próprio debate que cedeu mais tempo para a resposta dos candidatos e evitou o embate direto dos candidatos. As perguntas foram elaboradas apenas pelas entidades organizadoras do evento. O modelo foi bastante elogiado pelos próprios candidatos que disseram que o formato possibilita melhor exposição de ideias.
Logo na primeira pergunta, “Quais suas três prioridades caso seja eleito?”, dirigida os quatro presidenciáveis quiseram deixar evidente a sua simpatia pelo cristianismo.
“Fui um verdadeiro militante da juventude católica, participei de grupos como Juventude Universitária Católica (JUC), da Juventude Estudantil Católica (JEC) e meu trabalho está pautado nessa vivência: nosso plano de governo atende à opção preferencial pelos pobres, não dos ricos como fazem a maioria. Precisamos de uma enorme distribuição das riquezas aos pobres. Farei, também, com a ajuda da Comissão Pastoral da Terra (CPT) a Reforma Agrária”, disse Plínio de Arruda Sampaio.
Marina Silva, por sua vez, fez questão de dizer que seu plano de governo foi elaborado muito antes da campanha começar e agradeceu aos organizadores do evento por realizarem “um debate e não um embate entre os candidatos à presidência da República”. Em resumo, ela disse quais são suas três prioridades: “educação para a sociedade do conhecimento, proteção através da saúde e ampliação dos programas sociais, como o Bolsa Família, que precisa ser reformado”.
As três prioridades da candidata do Partido dos Trabalhadores, Dilma Rousseff, vão na linha da saúde e educação. “Vou dar qualidade à educação brasileira através da valorização do professor, quero também interiorizar as escolas técnicas e universidades para que haja igualdade de oportunidades nesse país, quero universalizar o sistema Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e suas unidades de proteção e atendimento pelo Brasil; para concluir, vou proteger a saúde de nossos jovens”.
Para concluir a rodada da primeira pergunta, José Serra fechou com a apresentação das suas três prioridades. “Minhas três prioridades são: educação, segurança e saúde. Essa é a base do meu governo, que será sustentada por uma economia forte para investir nessas áreas”, completou.
No segundo e terceiro bloco, os candidatos responderam sobre os mais diversos assuntos: pré-sal, reforma tributária, educação, saúde, fortalecimento da economia, aborto, cultura da paz, segurança, igualdade social, corrupção e meio ambiente.
O presidente do Conselho Superior da Associação Nacional de Educação Católica (ANEC), dom Joaquim Giovani Mol Guimarães, perguntou a Dilma qual sua política para retirar as crianças das ruas. “O país sempre será julgado pelo que fez às suas crianças e jovens”, disse. Ela afirmou que para concretizar isso é preciso reduzir a pobreza. “Crianças morrem nesse país nos primeiros 28 dias de vida. Eu vou fazer para amenizar isso seis mil creches. Quero que nossas crianças tenham nos primeiros anos de vida acesso às formas de conhecimento. Isso é importante para que não se eduque as crianças através da repressão quando eles crescem e será feito em parceria com as Igrejas que já fazem esse papel”, sublinhou.
Serra comentou a resposta destacando dois pontos: “Para realizar esse plano nós vamos fortalecer o Programa Saúde da Família e combater o contrabando de drogas”.
O secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Dimas Lara Barbosa, perguntou à candidata Marina Silva como a candidata pretende tratar a questão do aborto, considerando que sua posição contraria a orientação de seu partido.
“Defendo a vida como princípio e faço isso independentemente da religião que professo. Faria por questão filosófica e humana. Eu não defendo o aborto e para resolver essa polêmica situação eu faria no meu governo um plebiscito para que a sociedade debata com clareza o ponto”, disse Marina.
Dilma comentou a resposta da Marina dizendo ser contra o aborto. “Minha posição é clara sobre o assunto e não sou favorável ao aborto. É uma questão de saúde pública e de defesa da mulher”.
No tema educação, o reitor da Universidade Católica de Brasília, padre Romualdo Degasperi, perguntou a Plínio como seu governo tratará a educação superior, especialmente as universidades públicas e particulares. Plínio defendeu a universalização do ensino público e desconsiderou as universidades particulares.
“A educação pública é uma preocupação do governo, mas as particulares não. Uma universidade cara para ‘burro’ como esta [Católica], no meu governo, será desapropriada. Não podemos aceitar o abastardamento de nossas universidades públicas e o presidente Lula fez isso malandramente nos seus dois governos”, alfinetou Plínio, provocando palmas e gargalhadas da platéia.
Marina respondeu dizendo que pode haver um modelo de coexistência entre universidades públicas e particulares. Ela defendeu um retorno imediato para a sociedade através das universidades e disse que as católicas são pioneiras nesse ponto. Na réplica, Plínio disse que, se eleita, Marina não aplicará 10% do PIB para as universidades. “É só com esse percentual que teremos instituições dignas e não subservientes a Harvard [Estados Unidos], por exemplo”.
Um estudante de Direito da UCB, escolhido para representar os estudantes, questionou a candidata petista se ela aceitaria, em sua base aliada, candidatos reconhecidamente “fichas sujas”. A candidata disse que não. “Nunca permitiria fichas sujas no meu governo. E considero que essa questão é muito séria e, principalmente neste momento, acho oportuno reafirmar que é muito oportuno para a democracia a Ficha Limpa”.
Na despedida, os candidatos aproveitaram seu minuto final para pedir o voto dos eleitores. O debate se encerrou com aplausos e manifestações dos presentes a cada candidato. Todas as emissoras de TV de inspiração católica (Rede Aparecida, TV Horizonte, TV Imaculada Conceição, TV Canção Nova, TV 3º Milênio, TV Nazaré, Rede Vida, TV Século 21), além da Rede Católica de Rádio (RCR) transmitiram o debate.

Fonte: CNBB

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