História

Padroeira e a Matriz de Saquarema 
Construíram Saquarema numa língua de terra que o mar envolve em um braço carinhoso. Cidade minúscula e de hábitos provincianos, Saquarema possui, entretanto, uma Igreja de incalculável valor histórico. A tradicional e secular Matriz de Nossa Senhora de Nazareth de Saquarema se eleva bem no alto de um monte rochoso, com uma cruz benéfica, que os navegantes de longe contemplam, erguida para o céu. A tetra-secular Matriz, cuja alva silhueta os viajantes avistam desde muito longe tem uma história real em que o miraculoso se confunde com o real. Passamos a narrar a lenda simples e suave que há muitos anos esvoaçava em torno da população de Saquarema: Referem as crônicas que em oito de setembro de 1630, a noite fora tempestuosa. O vento soprando sobre o mar bravio, fazia com que o oceano rugisse cada vez mais, atirando ondas revoltadas sobre os cachopos da costa. Muitas árvores foram derrubadas e as pequenas casas de pau e pique, cobertas de palha, erguida a margem da lagoa, como por milagre suportavam o golpe da tempestade. De repente, a chuva parou, o vento distendeu as suas asas para outras plagas, mudando de direção, o mar começou a beijar meigamente a areia branca da praia imensa e os primeiros clarões do dia, pela aproximação do sol, transformaram o oriente em uma enorme pétala de rosa. Os pescadores, cantando loas ao criador, correram para o mar, em busca das suas canoas e redes. Índios, mulheres e crianças os seguiram, alegres e felizes para vê-los partir, em busca do deserto silencioso das águas, onde os peixes, como barras de prata, nadavam aos cardumes. Gritos de admiração partiram de muitas bocas: Milagre! Milagre! Ali, naqueles penedos que se perdiam ao longe, fazia a doce imagem Virgem, imagem que no fragor da tempestade fora arrojada a costa pelo mar irado, e “ali colocada pela mão de algum mortal”. Da sua boca partia um doce sorriso que parecia acalmar as almas de toda aquela pequena e boa população. E logo, a boa nova se espalhou de choupana em choupana.Em grande romaria transportaram a santa para a casinha tosca ao lago da lagoa. Conta–se que a imagem de Nossa Senhora de Nazareth – nome dado à imagem da Virgem – no dia seguinte ao seu aparecimento não mais estava, na casinha tosca onde fora colocada por mão misericordiosas. Quem a tiraria da casinha? Só soube que Nossa Senhora de Nazareth, fora, de novo encontrada no mesmo lugar da praia, onde surgira. Removeram-na. E mais uma vez Ela desaparecera.. Aí, um padre Carmelita, sesmêiro do Carmo, no lugar de Ipitangas, faz ver ao povo que era preciso construir uma capela. Dessa feita, porém o povo julgando ver em todos aqueles acontecimentos uma ordem do céu, construíram no alto da colina, onde hoje existe a vestuta Matriz, uma capelinha; e o povo em romaria carregou a Santa para o seu nicho. Em 1660, antes de agosto, o Cap. Manoel de Aguilar Moreira e sua esposa, Dona Catharina de Lemos, transformaram a capelinha na igreja tendo o provimento do Bispo do Rio de Janeiro, D. José de Barros Alarcão, de curada e filial a Matriz de Nossa Senhora da Assunção em Cabo Frio a cujo município pertencia o território de Saquarema. Essa Igreja foi em 1675 substituída por uma de maiores proporções construída de pedra e cal.
Por alvará de 12 de janeiro de 1755, foi elevada à freguesia, em resolução de Sua Majestade, de 29 de novembro de 1750 e a 13 de novembro do mesmo ano foi criada e eregida de natureza colátera e para seu primeiro pároco colado foi apresentado aos 16 de janeiro de 1755, o Ver. Padre Antonio Moreira, que depois de colado foi empossado pela provisão de conformação de 23 de abril do mesmo ano de 1755. Arruinada a Igreja, os moradores da margem setentrional da lagoa de Saquarema apresentaram ao Bispo Dom José Caetano da Sila Coutinho o seguinte requerimento: “Senhor, dizem os moradores principais da freguesia de Saquarema, que pela Provissão inclusa mostram os supl., que o Exmo. E Revmo. Bispo Capelão Mor designara certo lugar mencionado na mesma para a construção da igreja, que deve ficar servindo de Matriz, se não podem eregir Igrejas sem licença expressa de Vossa Majestade seja servido fazer-lhes a Graça de Revalidar a Concessão inclusa, mandando passar-lhes a competente Provisão, para em virtude d’ela dar-se princípio à obra, como está determinada P. a V. Majestade se digne de fazer aos sup. a graça a que aspiram.E. R. Mace. P. em 24 de outubro de 1820  . Procurador Custódio José Coelho.”
Atendendo a reclamação mandou o Bispo que fosse levantada a nova Matriz no lugar denominado Boqueirão do Engenho, nas 50 braças de terra que para esse fim doava o Tenente Luiz José de Almeida. Construída a nova Igreja para lá levaram a Santa em Procissão, e com solene rito, colocada a Excelsa Virgem em seu novo nicho. No dia seguinte grande grupo de romeiros dos arrabaldes, sentados nos lageados das calçadas, esperavam do sino as badaladas, chamando todos para a Santa Missa. O silêncio, que até então reinava, foi quebrado pelas vozes do clero: “A Santa não estava onde fora colocada, desaparecera."Como das outras vezes encontraram a Santa nos alicerces de sua velha Igreja. O povo vendo nisso um milagre, tendo à frente o vigário – Antônio Joaquim de Freitas, deu logo começo à construção de uma Igreja, prestando-se homens, mulheres e crianças ao carreto de pedra, cal e madeira para a construção, e já em 1837 a substituíram pela Matriz atual que é incontestavelmente uma dos templos Católicos mais importantes do Estado do Rio e quiçá do Brasil, não só pela sua beleza arquitetônica, arrojado empreendimento dos nossos antepassados, como pelas tradições milagrosas da Sua Excelsa Padroeira a Virgem de Nazareth. Pela construção da nova Matriz concluída em 1837, ficou sem feito a provisão de 12 de maio de 1820. Da provisão datada de 1675, que se acha registrada nas fls. 95 do livro 9, dados obtidos da freguesia de São Sebastião do Rio de Janeiro, conta que a imagem de Nossa Senhora de Nazareth, fora achada milagrosamente na costa do mar bravo de Saquarema, entre uns penedos em que batia o mar, no dia 8 de setembro de 1630.

Alguns milagres de Nossa Senhora de Nazareth

-Quatro pescadores saíram para o alto mar; de volta, o mar encapelado fez soçobrar a pequena canoa a 500 metros, mais ou menos, da praia. Dos náufragos, um Manoel da Silveira Felix, desapareceu; da praia, os espectadores impossibilitados de levar qualquer auxílio, já contavam com o infeliz morto, quando o pescador Antônio José Tadim divisou, a meia água, o corpo do infeliz; com uma tarrafa conseguiu pesca-lo vivo, depois de ter estado submerso mais de meia hora. Em sua simplicidade, o pescador contava que enquanto esteve em baixo d’água sonhava que Nossa Senhora de Nazareth o estava auxiliando em uma pescaria.

-Graciliano, carreiro do Coronel Cardoso de Aguiar, conduzia um carro carregado, quando aconteceu cair o cabeçalho do carro. Chamando pela N. Sra. de Nazareth teve a facilidade de ver uma das rodas do carro carregado passar por cima de ambas as pernas sem que lhe causasse mal algum.

-Irene, de 3 anos, filha de Guilherme Gomes da Cunha e Silva, desapareceu de casa. Sua mãe, aflita, implorou à Nossa Senhora de Nazareth que lhe restituísse sua filha. Horas depois, foi encontrada no fundo de um tanque, coberta de iodo, viva e sã.

-Maria de Aguiar Paes, residente nos subúrbios da cidade de Araruama, estando quase paralítica, procurou, em vão, todos os recursos. Já sem esperanças, lembrou-se de N. Sra. de Nazareth e implorou sua graça. Dentro de um mês estava radicalmente curada.

-Contam, que, uma ocasião, quando um caçador, a cavalo, perseguia um veado, na ânsia de pegar a caça, ia se despencando na ladeira do costão, quando gritou: “Minha Nossa Senhora de Nazareth, me valha!” O cavalo empinou, inclinando o corpo para o lado contrário de salvando o cavalheiro. (até hoje as marcas das patas dianteiras do cavalo estão fixadas nas pedras próximo a Gruta)

-Em 1915 uma grande seca assolou Saquarema, a ponto de secar a lagoa. O povo, em fervorosa penitencia, saiu com a Virgem de Nazareth em procissão. Ao chegar em frente ao local onde havia um pau fincado, desabou forte temporal.

Idade
Segundo estudos a nossa paróquia foi fundada no dia 12 de janeiro de 1755. Tendo hoje 256 anos.


Párocos (a partir de 1937)
-23/11/1937 - Pe. Sebastião Pedro Izu
-21/03/1941 - Pe. Antônio Queiroz Araújo
-06/10/1946 - Pe. José Zimmerman
-02/03/1958 - Pe. Manoel Perez Delgado
-04/07/1982 - Pe. Tarcisio Nascentes dos Santos
-26/01/1986 - Pe. Ademar Ermelindo Pimenta
-11/09/1999 - Pe. Jorge Ignaczuk
-21/02/2006 - Pe. José Alves Filho 
-06/07/2011 - Pe. Mário César da Costa (atualmente na Paróquia)


Padre Manoel Delgado
Nascido Espanha, em 28/04/1916, entrou com apenas 12 anos no Seminário de Frades Franciscanos, ainda na Espanha. Em 1931 é proclamada a República Espanhola e todos os seminários são fechados pelo governo, fazendo com que o jovem Manoel voltasse para a casa de seus pais e poucos meses depois para o seminário. Foi enviando a fazer o noviciado em Sevilla e mandado para Guadalupe para fazer 3 anos de filosofia e 4 de teologia. Em 1936 é convocado para servir ao exército espanhol na Guerra Civil Espanhola (1937). Celebrou sua primeira Missa em Tanger, na África. Foi professor durante 15 anos no Ginásio Santo Antônio de Pádua. Desembarcou no Rio de Janeiro em 12/09/1956 e foi mandado para o Rio Grande do Norte, e em 1958, retornando ao Rio, foi enviado a Arquidiocese de Niterói, que o delegou a ser o novo Pároco da Paróquia Nossa Senhora de Nazareth. Chegando aqui em 02/03/1958, deu início a várias obras sociais da Igreja. Deu aula por 10 anos no Ginásio Prof. Alfredo Coutinho.Foi um Padre muito querido por todos, pelo seu modo de tratamento, de carinho e também pelos seus 24 anos a frente da Paróquia. Já com a saúde debilitada foi internado no Rio de Janeiro. Faleceu em 21/06/1982, e como era seu desejo e de todos os paroquianos foi sepultado em Saquarema. Após 25 anos do falecimento, seu túmulo ainda encontra-se na Sala dos Milagres na Igreja Matriz.

Gruta Nossa Senhora de Lourdes
No ano de 1947, o Pe. José Zimmerman impressionado com a semelhança da Gruta de Saquarema com a Gruta das aparições em Lourdes (França), mandou que viesse de lá as imagens de Nossa Senhora de Lourdes e Santa Bernadete, e colocou ali naquele pequeno espaço de oração entre as pedras e o mar. Um incrível lugar de visitação. Dali também escorre uma água das pedras que muitos falam que ficaram curados com aquela água.