domingo, 3 de outubro de 2010

Missões a partir da Conferência de Aparecida

Que o mês de outubro é o mês missionário não é novidade. A novidade é que a partir da Conferência Episcopal da América Latina, em Aparecida (SP, 2007), o espírito missionário tornou-se mais real, urgente e comprometedor para toda a Igreja. É preciso que todos evangelizem e sejam evangelizados. Sejam discípulos missionários.
A palavra chave do Documento de Aparecida é MISSÃO. Já o lema da Conferência diz: “Discípulos e missionários de Jesus Cristo para que nele nossos povos tenham vida”. O documento está cheio de interpelações e chamamentos que mexem, sacodem e provocam um grande “vendaval do Espírito”, como aconteceu na primeira comunidade cristã de Jerusalém, no dia de Pentecostes (At 2,1-13).
Aparecida convida toda a Igreja a orientar-se, com decisão e urgência, para a missão. Seus bens, estruturas, recursos, pessoas e pastorais devem estar voltados para a missão. É uma tarefa gigantesca e apaixonante. Todo povo de Deus é chamado a ser discípulo missionário de Jesus Cristo, cada um no serviço específico que escolheu ou que lhe foi confiado (leigos, padres, bispos, operários, lavradores, empresários...).
O perigo é fazer missão de qualquer jeito e sem clareza de objetivos. Por isso, o Documento lembra que a motivação principal da missão está na comunhão trinitária: “A Igreja é missionária por sua natureza, porque tem sua origem na missão do Filho e do Espírito Santo, segundo o desígnio do Pai” (DA 347). Esta comunhão deixou de existir uma vez que as relações de fraternidade entre as pessoas e com a natureza foram destruídas. O testemunho cristão está perdendo forças e a Igreja se sente despreparada para enfrentar os desafios da modernidade. Os cristãos não mais são capazes de “dar as razões da sua fé” em meio a uma sociedade secularizada onde os valores se tornam relativos e o destaque fica por conta do gozo momentâneo.
Por estas e tantas outras razões percebemos que a Missão não é uma tarefa opcional, mas parte integrante da identidade cristã. Ela é uma necessidade e uma urgência permanente: “Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho “(1 Cor 9,16).
O grande objetivo das Missões é ajudar os cristãos a serem discípulos missionários de Jesus Cristo, proclamando a Boa Nova da dignidade humana, da vida, da família, do trabalho, da ciência e da solidariedade com a criação. Os sujeitos da missão são todos os batizados, uma vez que discipulado e missão são como as duas faces da mesma moeda. Os destinatários são todos os povos, desde as pessoas que moram perto até os que vivem nos países mais distantes.
Espero que estas considerações sobre as missões feitas no início do mês de outubro, favoreçam e despertem um verdadeiro espírito missionário. Que todos sejamos discípulos missionários de Nosso Senhor Jesus Cristo, para que Nele todos os povos tenham vida e vida em abundância (Jo 10,10).

Dom Canísio Klaus

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