"Não tenham medo da Verdade", exclama Bento XVI
"Queridos irmãos e irmãs, desejo dizer a todos, também àqueles que estão em um momento difícil em sua caminhada de fé, a quem participa pouco na vida da Igreja ou a quem vive 'como se Deus não existisse', que não tenham medo da Verdade, não interrompam nunca o caminho rumo a ela, não deixem de procurar a verdade profunda sobre si mesmos e sobre as coisas com o olho interior do coração. Deus não deixará de dar Luz para fazer ver e Calor para fazer sentir no coração que nos ama e que deseja ser amado", disse Bento XVI ao final da Catequese desta quarta-feira, 25.
O encontro do Papa com os peregrinos foi dedicado à figura de Santo Agostinho - cuja memória litúrgica é celebrada no sábado, 28 - e aconteceu às 10h30min (em Roma – 5h30min em Brasília), a partir do balcão do pátio interno do Palácio Apostólico de Castel Gandolfo. Ao final, o Santo Padre fez apelo à comunidade internacional em prol da Somália.
Como agosto chegou ao fim, esta foi a última Catequese realizada em Castel Gandolfo neste ano. Bento XVI ainda permanece em período de descanso no local durante todo o mês de setembro, mas as audiências voltam a acontecer no Vaticano já na próxima semana.
O Pontífice afirmou que todos possuem, na própria vida, pessoas que lhes são próximas. Nesse sentido, defendeu a importância de se ter "companheiros de viagem" no caminho da vida cristã.
"Todo mundo deveria ter algum Santo que lhe fosse familiar, para senti-lo próximo com a oração e a intercessão, mas também para imitá-lo. Desejo convidar-vos, portanto, a conhecer mais profundamente os Santos, começando por aqueles de que levais o nome, lendo-lhes a vida, os escritos. Tenhais certeza de que se tornarão bons guias para amar ainda mais o Senhor e válidos auxílios para o vosso crescimento humano e cristão", indicou.
São José e São Bento são alguns dos santos a que o Papa é ligado de uma forma especial, bem como o próprio Santo Agostinho, "que tive o grande dom de conhecer, por assim dizer, proximamente através do estudo e da oração e que se tornou um com 'companheiro de viagem' na minha vida e no meu ministério. Gostaria de sublinhar uma vez mais um aspecto importante da sua experiência humana e cristã, atual também na nossa época em que o relativismo parece ser, paradoxalmente, a 'verdade' que deve guiar o pensamento, as escolhas, os comportamentos", disse.
Verdade e silêncio
O Santo Padre ressaltou o caminho difícil de Santo Agostinho em sua busca pela Verdade, seus erros e acertos, até perceber que "aquele Deus que procurava com as suas forças era mais íntimo a si do que ele mesmo, sempre estava ao seu lado, nunca o havia abandonado, estava na expectativa de poder entrar definitivamente em sua vida".
Logo após, Bento XVI apresenta um episódio em que o Santo de Hipona conversa com a mãe, Santa Mônica, conforme relatado nas Confissões:
"É ma cena muito bela: ele e a mãe estão em Ostia, em um albergue, e da janela veem o céu e o mar, e transcendem céu e mar, e por um momento tocam o coração de Deus no silêncio das criaturas. E aqui aparece uma ideia fundamental no caminho rumo à verdade: as criaturas devem ficar em silêncio quando se deve dar lugar ao silêncio em que Deus pode falar".
Por fim, o Bispo de Roma explica que esse episódio é verdadeiro também na atualidade, em que as pessoas pareceriam ter uma espécie de medo do silêncio. "Frequentemente prefere-se viver somente o momento presente, iludindo-se que traga felicidade duradoura; prefere-se viver, porque parece mais fácil, com superficialidade, sem pensar; tem-se medo de buscar a Verdade, ou talvez tenha-se medo de que a Verdade nos encontre, nos apanhe e mude a vida, como fez com Santo Agostinho".
Fonte: Canção Nova
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