A Voz do Pastor - Mês de Agosto
Em meados do passado mês de julho, a Igreja recebeu o precioso dom de Deus que foi a nova Carta-encíclica do Santo Padre Bento XVI "Caritas in Veritate": A Caridade na Verdade!Na trilha da "Populorum Progressio”, do saudosoPapa Paulo VI, e da "Sollicitudo rei socialis" do tambmém saudoso Papa João Paulo II, Bento XVI convida-nos a refletir sobre o Desenvolvimento Humano integral na Caridade e na Verdade. Trata-se de um texto riquíssimo e de uma atualidade fantástica. Em síntese, Bento XVI ilumina toda a vasta realidade social com a luz do amor-caridade, mostrando de modo muito claro a inviabilidade de um sistema econômico centrado exclusivamente no "lucro", desprezando totalmente a Pessoa Humana em seus valores e em sua dignidade. Assim escreve oPapa: "A doutrina social da Igreja sempre defendeu que a justiça diz respeito a todas as fases da atividade econômica, porque esta sempre tem a ver com o homem e com as suas exigências. A angariação dos recursos, os financiamentos, a produção, o consumo e todas as outras fases do cicIo econômico tem inevitavelmente implicações morais. Deste modo cada decisão econômica tem consequências de carater moral."(Caritas in Veritate,n.37)
Estas palavras nos levam a constatação de que a ciência econômica não pode ser neutra, não pode pretender desenvolver-se num universo fechado, exclusivamente técnico, desvinculada do enfoque do ser humano e de seus valores.
Não é difícil perceber através destas reflexões a urgente necessidade de uma profunda "conversão de mentalidade" na condução do processo de desenvolvimento econômico, de modo a fazê-lo intimamente subordinado ao desenvolvimento de todos os homens, do homem todo! Tal conversão nos é explicada de modo inspirado pelo grande Apóstolo Paulo na sua Carta aos Romanos: "E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, afim de poderdes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeitol"(Rom.12,2).
Aí está uma colocação radical, desejo de Deus para cada um de nós batizados, membros deste Corpo do qual Cristo é a Cabeça, e que deve fermentar a Humanidade inteira com a força do Amor e da Verdade. Aí está o caminho para a tão urgente "humanização" da Ciência e da Técnica, afim de não se tornarem instrumentos de destruição e de decomposição da dignidade humana.
Mas aí está, também, a clara manifestação de que é impossível esta "transformação, esta renovação da mente sem oencontro pessoal, íntimo, definitivo com a Pessoa Divina de Jesus Cristo. Somente Ele nos pode levar àpercepção libertadora de que sem a experiência profunda de Deus jamais o homem terá condições de conduzir um justo e fecundo processo de desenvolvimento científico, técnico e econômico. Somente o Senhor Jesus nos pode abrir os olhos da consciência, do coração, para nos darmos conta de que sem esta experiência profunda de Deus as relações entre os povos, entre as classes sociais de uma nação, fascinadas pelo lucro, pelas riquezas materiais sofrerão trágicas rupturas, geradoras da violência e da morte.
É preciso que a força da Verdade e do Amor ilumine todas as reflexões sobre nossa vocação batismal, sobre as diversas vocações que dela nascem de modo a nos tornarmos o "sal e a luz do mundo" como deseja o Senhor! (Mt.5,13ss.)
Toda a nossa ação evangelizadora e missionária, todo o nosso trabalho catequético só produzirão os frutos do nascimento de um Mundo Novo, norteado pela Verdade, pelo Amor e pela Paz se de fato nos conduzirem à descoberta da Pessoa Divina de Jesus Cristo e ao relacionamento de profundo amor com Ele.
É esta a nossa razão de existir, é este osentido da nossa vida e de tudo oque realizamos em nosso cotidiano! Ajude-nos a maternal intercessão da Virgem Maria, Mãe de Deus e nossa, ela que foi inteiramente possuida e guiada pela Verdade e pelo Amor, ela em cujo seio, por obra do Espírito Santo, esta Verdade se fez Homem para nos levar aos caminhos do Amor salvífico, do Amor-comunhão com Deus e com os Irmãos.
+ D. Fr. Alano Maria Pena OP
+ D. Fr. Alano Maria Pena OP
Arcebispo Metropolitano de Niterói
Fonte: Arquidiocese de Niterói
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